O último passageiro - Parte III
| foto: pixabay |
Passaram-se horas e nenhum ônibus que chegou ou saiu seguia para o meu destino. Mas qual seria ele? Ainda seria capaz de esboçar um? Com o cansaço que me dominava, eu ainda o identificaria? Para onde quero ir? E se... E se eu fosse a pé? Pensei e conjecturei um plano rapidamente. Faz sentido. É meu único jeito de sair daqui.
De repente, quando tudo parecia coerente, dei por mim que não. Não conseguiria traçar o meu caminho até o destino final fora da estação, porque várias rotas estão disponíveis para mim. Preciso ser guiada. Não tenho coragem de ir sozinha, a pé, e muito menos de deixar o terminal a essa hora. Ao menos aqui estou segura. Balanço com a cabeça em sinal de sim. Sorrio.
De repente, quando tudo parecia coerente, dei por mim que não. Não conseguiria traçar o meu caminho até o destino final fora da estação, porque várias rotas estão disponíveis para mim. Preciso ser guiada. Não tenho coragem de ir sozinha, a pé, e muito menos de deixar o terminal a essa hora. Ao menos aqui estou segura. Balanço com a cabeça em sinal de sim. Sorrio.
As horas de espera se acumulam em meu corpo e vão se tornando mais lentas à medida que a estação se esvazia e escurece ainda mais. Os funcionários começam a se despedir uns dos outros e as máquinas passam a controlar a estação, estou rodeado de máquinas que me prometem segurança e proteção. Estou salva! Elas não erram, são precisas, tudo ficará bem, mas preciso sair daqui. Não deve demorar muito para que o próximo ônibus chegue. Balanço os pés e observo a tinta gasta que desenha o ponto de parada no asfalto.
Não conseguiria traçar o meu caminho até o destino final
fora da estação, porque várias rotas estão disponíveis para mim
fora da estação, porque várias rotas estão disponíveis para mim
O último Passageiro
- Ei, cara, poderia me dizer as horas? – Pergunta-me um rapaz desajeitado e com cara de que também está perdido.
- Não sei. Estou sem bateria. – Respondo-lhe com alegria de poder conversar com alguém diferente de mim.
- Está aqui há quanto tempo?
- Não sei, mas já é o suficiente.
- Para quê?
Encaro o rapaz e não respondo. Ele retribui com um olhar capaz de me ler por inteiro. Fujo e divago pelo espaço e dou uma volta pela pilastra. Percebo que ele desapareceu e novamente me encontro só. As luzes se apagam pouco a pouco. Quem ainda permaneceria tanto tempo na estação? Certamente essa seria uma pergunta das máquinas, se elas pudessem pensar. Estou só e começo a temer acabar assim. Continuo esperando e imaginando o conforto de casa. Sento, levanto, resmungo. Por que tanta espera? Meu Deus, estou cansado!
- Não sei. Estou sem bateria. – Respondo-lhe com alegria de poder conversar com alguém diferente de mim.
- Está aqui há quanto tempo?
- Não sei, mas já é o suficiente.
- Para quê?
Encaro o rapaz e não respondo. Ele retribui com um olhar capaz de me ler por inteiro. Fujo e divago pelo espaço e dou uma volta pela pilastra. Percebo que ele desapareceu e novamente me encontro só. As luzes se apagam pouco a pouco. Quem ainda permaneceria tanto tempo na estação? Certamente essa seria uma pergunta das máquinas, se elas pudessem pensar. Estou só e começo a temer acabar assim. Continuo esperando e imaginando o conforto de casa. Sento, levanto, resmungo. Por que tanta espera? Meu Deus, estou cansado!
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